sexta-feira, 25 de julho de 2014

Chão e paredes de papelão

Ontem nós trocamos de apartamento temporário... saímos daquele que estávamos no Covent Garden (muito bom, por sinal... quem precisar, eu recomendo!), e viemos para outro que é do lado do apê que vamos morar (ai... tô devendo o post do apê!). O contrato do outro venceu, não pudemos esticar, então resolvemos vir para cá de uma vez... 

Escolhemos esse daqui basicamente porque é do lado do nosso apê... Veja bem, temos 06 malas arrumar e para carregar! Tá bom... no caso, quem carrega é o marido, sozinho, coitado... mas também é um perrengue o lance de fazer e desfazer malas... ainda mais quando são 06 delas! (ok... não se compara com o perrengue de carregá-las... mas é um perrenguinho... rs)

Aí resolvemos vir para esse daqui, que é bem menor (mas também é bem mais em conta!), e aqui do lado... já vamos habituando com a vizinhança (que, aliás... assunto pra outro post)...

No outro apartamento nós estávamos no primeiro andar do edifício. O apartamento era grande (mesmo sendo só quarto + sala + banheiro era bem amplo), mas eu acho que o pessoal do andar de cima só chegava à noite. Embora tivesse bastante movimento na rua, dentro do prédio era bem sussa. Só ouvíamos os passinhos da galera, na escada e no andar de cima, de manhã e à noite.

E é curioso porque aqui no Velho Mundo o chão e as paredes parecem ser de papelão... você vai andando e o chão vai vibrando... balançando... Com isso, é claro, você ouve os passos das pessoas nas escadas e no andar de cima... (não é o "tec tec" do sapato... são os passos mesmos... um tum tum tum na sua cachola). Até ontem, isso não me incomodava - justamente porque parece que o pessoal do andar de cima só estava em casa de manhã cedo e no fim do dia...

Mas aqui... no "apertamento" novo... minha-nossa-senhora-do-barulho-infernal!!!

Eu não sei se o prédio é ainda mais "frágil"... ou se o pessoal do prédio tá treinando pra correr alguma prova de marcha atlética! Mas é um barulho sem tamanho o dia i-n-t-e-i-r-i-n-h-o!! É um anda pra lá, cavalga pra cá, corre pra lá, pisa fundo pra cá... 

E pra completar, nós estamos no lower ground floor - nome bonito para o bom e velho porão! Então a gente ouve tooooodas as pessoas que descem as escadas, porque todos os moradores estão "pra cima" e porque as escadas são na nossa cabeça...

E, em frente à nossa porta, fica a porta do que eu acredito ser uma espécie de mini depósito... Diz a lenda que tem um zelador no prédio, ou alguém que cuida da faxina... e nessa portinha que ele deve guardar a vassoura, e não sei mais o quê. Mas o mano desce essas escadas como se não houvesse amanhã! Há meia hora eu realmente achei que ele tinha rolado a escada e estava a ponto de abrir a minha porta para socorrê-lo, quando percebi que ele estava destrancando a porta do quartinho, ou seja, estava vivo.

E gente... vocês não estão entendendo a condição da escada... é estreita pacas (para ter uma ideia, nossas malas tiveram descer "de lado"), com aqueles degraus altos e estreitos, que não cabe o pé da pessoa?! E eu calço 36!! Pois bem... os manos descem numa velocidade que realmente impressiona (eu pareço uma pata descendo segurando no corrimão, prestando atenção no ângulo do pé, pra caber e eu não me estabanar!). 

Bom... tudo isso pra dizer que depois de apenas um dia e meio aqui, estou correndo o sério risco de enlouquecer com essa galera pisoteando meu juízo o dia inteiro. Não consigo trabalhar, não consigo ler, não consigo nem dormir! (o que, no meu caso... é raro!) Tá duro. 

Semana que vem vou procurar um café pra ir com meu computador, pelo menos por meio período... vou sair andando pelo bairro... vou fazer qualquer coisa na rua... porque ficar aqui por 3 semanas vai ser, realmente, enlouquecedor!! A menos que o povo do andar de cima saia de férias... ou corra a maratona para a qual estão se preparando, de uma vez!

Beijos!
Tila.

PS: só para constar, eu também recomendo esse apartamento para quem vier passar uns dias em Londres! É apertadinho, mas tem tudo que é necessário, o banheiro é muito bom, é bem localizado e o preço é bem vantajoso se compararmos com os preços dos hotéis. E, afinal, quem vem passear em Londres não passa o dia no apartamento, ou seja, não sofreria com o barulho, como eu estou sofrendo...

terça-feira, 22 de julho de 2014

Passeio pelo Covent Garden

Nós estamos temporariamente num apê alugado em Covent Garden, pois fica perto de onde o marido trabalha e alugar um apê mobiliado por temporada - considerando que ficaríamos mais de um mês por aqui - sai bem mais em conta do que ficar num hotel. Inclusive porque hotel aqui é uma fortuna e não necessariamente te dá conforto ou espaço... Sendo assim, alugar um apê mobiliado é mais vantajoso (embora, é claro, não possa dizer que é barato. Nada aqui é barato... então ficamos com o "mais vantajoso", mesmo...).

Bom, aí o apê é super bacana! Claro que é um quarto-sala-banheiro (o que, para padrões londrinos já está ótimo porque podia ser sala-banheiro com a cama do lado da geladeira, tudo, é claro, na sala...), mas é bem espaçoso, o anfitrião é excelente, dá para lavar e passar nossa roupa, cozinhar e estamos muito bem localizados (morar aqui talvez seja para os mais guerreiros porque é fuzuê na rua o tempo todo, hordas de turistas pra lá e pra cá - estamos, mesmo, há uma quadra do Mercado do Covent Garden! Mas para ficar uma temporada é sensacional!)!

Aproveitei que a moça da limpeza vinha aqui hoje e passei as duas horas que ela ficou aqui dando uma voltinha pelo bairro para ver o que eu descobria de interessante (depois farei um post sobre a história das faxineiras... que cobram por hora... e como aqui nada é barato... têm de dar conta em duas horas mesmo!). De se dizer que o apê é espaçoso, mas não dá pra ficar no meio do caminho da limpeza...rs

Para quem não conhece o centro do bairro se localiza justamente no Mercado do Covent Garden, que é um prédio super antigo e funcionava desde o século XVI como um mercado atacadista de flores e frutas (antigo na Europa tem um significado meio diferente do que no Brasil, né?! Rs...). Desde a década de 70 o Mercado deixou de vender estes produtos e foi transformado num mercado mais "comercial" (ou turístico), digamos assim - as estações se transformaram em lojinhas, cafés ou restaurantes, e há algumas barraquinhas espalhadas pelos corredores, e do lado de fora, que vendem desde comida (dependendo do dia) até artesanato. Vale a pena consulta o site deles para ver o que está disponível cada dia.






(Essas fotos não são minhas, tá? Roubei do Google... rs)

É passeio praticamente obrigatório para quem vem por aqui, por isso tem tanta gente na área. Além disso, nas ruelinhas que ficam ao redor há uma grande concentração de pubs, bares, cafés, lojinhas e restaurantes, o que colabora para a "densidade populacional"! E é bom lembrar que é verão, né? A cidade está lotada... então, já viu!

Bom... mas é agradável andar por aqui, especialmente nas primeiras horas da manhã quando as coisas ainda estão mais calminhas!



Na rua que estamos (Wellington St.) fica o Royal Opera House (que aparece à direita, nessa foto aí em cima - tirada às 09:30hs da manhã...), onde acontecem espetáculos de música e de balé. Além disso, há vários teatros na região, o que também colabora para que a noite seja bem agitada por aqui! (A propósito, para quem quiser economizar um pouco no jantar, os restaurantes costumam ter um pre-theatre menu, com preço fixo - e você não precisa ir ao teatro para aproveitar, mas tem de respeitar o horário do serviço, que geralmente é até as 19:30/20hs... ou seja, antes de começarem as peças).

Bom, voltando ao passeio de hoje, tirei essa fotinho em homenagem às minhas amigas bailarinas (fica em frente ao Royal Opera House - do outro lado da rua - e eu achei tão linda!):



Dá pra se perder pelas ruas por aqui... tem de tudo! Todas as lojas que você encontra pela cidade - Disney Store, Apple Store, Body Shop, Zara, UGG, H&M, GAP, Banana Republic, etc... Mas eu queria descobrir as lojinhas diferentes... Pelo caminho (mais especificamente, na Floral St.) encontrei essa aqui, para quem é fã do Tin Tin:



Na 12-14 Long Acre (paralela com a Floral St.) encontrei uma livraria deliciosa que só tem publicações relacionadas com viagens! Livros com relatos de viagem, livros sobre a história de Londres, livros de curiosidades de diversos locais, mapas, livros de ficção inspirados em viagens, ou sobre o tema... enfim... tem muita coisa legal! Chama-se Stanfords e dá pra ficar horas por ali... (suspeitíssima para falar de livrarias, mas enfim...). E, confesso, saí de lá com dois livros... mas, em minha defesa, era uma daquelas promoções "leve um e o segundo é metade do preço"! Rs... 

Saindo dali parei para almoçar no Five Guys - que é uma hamburgueria pela qual passei outro dia e me deu água na boca! Desde aquele dia tava doida pra comer um hambúrguer! Uma delícia! Fica na própria Long Acre (1-3).

Atravessando a rua fui até a Orbital Comics (8, Great Newport St.) para ver qual era... Bom... são comics...rs... Um monte de revistas em quadrinho, de tudo quanto é personagem. Não é muito a minha praia - porque eu gostava mesmo era da Turma da Mônica e da Luluzinha... rs...- mas para quem curte, pode ser uma boa parada. 

Desci pela St. Martin Lane até a Cecil Court e a rua é super interessante: cheia de livrarias que vendem livros antigos, outras vendem mapas antigos, uma loja que vende aqueles carrinhos  pequeninos (modelismo?), outra que vende artigos relacionados à guerras (soldadinhos, arminhas, carrinhos e aviõezinhos de guerra), outra de moedas antigas... Enfim, uma rua interessante.



Voltando passei pela New Row St. e entrei na Sass & Belle que é uma lojinha fofa cheia de coisas para casa - aquelas com cara de artesanato. Depois descobri que tem uma dentro do próprio Covent Garden. E pra fechar o passeio, entrei na Waterstones (que pra quem não sabe é uma livraria giga que tem aqui, e que, é óbvio, eu adoro!), só porque eu não consigo passar por uma e não entrar... rs...

Eu fiz um mapinha no Google Maps destacando os lugares que eu mencionei, para quem quiser se localizar.

Delícia de passeio! Super agradável se perder pelas ruelas do bairro e encontrar de tudo um pouco! Foi bom aproveitar pra fazer isso hoje, pois na quinta nos mudamos para outro apê (temporário), mais próximo do apartamento que vamos morar! Sim! Fechamos um apartamento!! :) 

Beijos,
Tila.

domingo, 13 de julho de 2014

Chegamos!

Chegamos em Londres!! A cidade que eu vou chamar de "minha" pelos próximos anos! Cidade que eu adoro! Pela qual me apaixonei desde a primeira vez que vim aqui há 19 anos atrás (nossa... que véia! Não devia escrever esse tipo de coisa... registrar para posteridade... rs). Estamos aqui há cerca de 10 dias, ainda nos acostumando às milhares de mudanças, especialmente se comparamos com a vida que tínhamos em Lima.

Hospedados provisoriamente em uma apartamento perto do trabalho do marido, porque afinal, é preciso facilitar a vida... Passamos os últimos dias rodando a cidade de cima à baixo, correndo pra lá e pra cá, na busca do apartamento. Sempre ela... tão difícil. Sem dúvida a parte mais chata da mudança.

Choque de realidade. Já sabíamos que seria tudo muito diferente... a começar pelo tamanho. Me desfiz de (pelo menos) 1/4 da nossa casa em Lima... Doei roupa, sapatos, bolsas, bijoux, maquiagem, roupa de cama, de banho, de mesa, toalhas de prato, louça, bebidas, malas e utensílios domésticos! Joguei fora uma tonelada de papel. Mandei pastas e mais pastas de documentos pro Brasil. Doei material de escritório, livros, cadernos e um monte de coisas que não teria condições de guardar por pura falta de espaço. Deu um trabalho enorme. A mudança foi muito mais difícil e trabalhosa do que a anterior. 

E já constatamos que tudo isso não foi suficiente. Ainda temos coisa demais para caber numa casa padrão londrino.

Não quero morar longe demais do centro da cidade. Se eu tenho a oportunidade única de morar em uma cidade incrível, não vejo razão para morar "longe" dela. Quero sair de casa e estar em Londres, ver Londres, me sentir em Londres!

O que nos traz ao segundo problema. Aqui temos o aluguel mais caro do mundo. Não é mentira. Li uma pesquisa que dizia isso antes mesmo de chegar aqui e, infelizmente, já pude constatar a dura realidade. Nem vou entrar em detalhes de valores porque a realidade é tão chocante que pode dar pesadelo em vocês. E eu não estou falando apenas do valor convertido em reais (esse, então, é simplesmente impensável!!).

Falando em conversão, como ainda não estamos aqui há tanto tempo, a mera conversão de uma comprinha básica de café da manhã para os primeiros dias, no dia em que chegamos, nos deixou chocados. Mais ou menos uns R$ 80,00 de pão, queijo, suco, frutas... Conclusão: parar já com essa história de ficar convertendo tudo. 

Na (minha) teoria, para não ficar tão perdida e ver se o preço está abusivo, é só comparar em termos de moeda. O cafezinho custa geralmente 3 ou 4 moedas (R$ 3,00/4,00 no Brasil, S./ 3,00/4,00 em Lima... e assim vai). Portanto, se o cafezinho custar 10 moedas estão te assaltando... aqui, no Brasil ou em Lima. Claro que isso vale para coisas do dia a dia... as coisas mais caras precisam de conversão! Mas, por enquanto, é essa a técnica que estamos usando para não entrar em desespero e mandar o container da mudança voltar do porto mesmo, quando atracar.

Outro problema dos apartamentos aqui: esquece a existência de uma área de serviço. Quer lavar roupa na mão? Sorry, mas não dá. Primeiro porque não existe tanque. Segundo porque não tem lugar pra guardar balde. Terceiro: tá pensando em pendurar as roupas onde? Isso também é um problema sério mesmo para as roupas que lavamos na máquina, porque, sem área de serviço, não temos onde pendurar nada... já me disseram que eles colocam em cima dos radiadores que aquecem a casa... oi?! Eu até tenho um varal portátil... que vai ter de ser montado, provavelmente, na sala... no corredor... enfim, lama total pra quem gosta de ter uma casota arrumada.

E as cozinhas que não têm janela? E os quartos e banheiros que não têm armários? Esse povo não frita bife? Guarda as coisas onde? (provavelmente num baú, considerando que lavando - e às vezes secando - tudo na máquina deve encolher tudo, ficar tudo amassado... sei lá!).

E tem os carpetes... ô povo pra gostar de um carpete! Será que a galera aqui não tem alergia? Descobrimos que muitos apartamentos não têm autorização para colocar piso de madeira porque eles são "barulhentos". Aparentemente o barulho dos passos no andar de cima não pode atrapalhar a vida de quem está no andar de baixo... Mas os caras colocam carpete nas escadas, cara... Imagina uma escada de 50 anos... com carpete. Sabe o que acontece? A "borda" do degrau vai envergando... o degrau vira uma rampa... e você escorrega. Cai da escada. É simples assim. Agora pensa em escadas de 150... 200 anos... porque aqui é Europa, né?

Já deu pra sacar que nossa busca tá sendo um inferno, né? Primeiro porque encontrar um apartamento, que fique dentro do orçamento, com o tamanho que precisamos para todos os nossos móveis e nossas coisas, é uma dificuldade sem tamanho. Aí você encontra um que tá fora do seu orçamento, mas que dá pra você se apertar e pagar o aluguel (desistindo, de vez, de guardar qualquer dinheiro). Mas aí, ou ele tem carpete, ou ele tem escada (e não tem elevador), ou ele não tem armário, ou a cozinha é um ovo, ou não tem janela, ou as janelas estão caindo, ou a cozinha foi decorada na década de 20... Sério. Uma luta.

É claro que não vai ter apartamento dos sonhos, que vamos ter de abrir mão de alguma coisa... ok, de algumaS coisasS. E a dificuldade é exatamente essa: escolher o que abrir mão. Mas, não tem jeito. É assim, não adianta choramingar. E afinal, it's London Babe!! Perde-se a área de serviço, os armários, a cozinha, mas ganha Londres de presente! :)

Só queria encontrar alguma coisa logo, porque esse perrengue de ficar pra todo canto, de ônibus, metrô, correndo atrás de um e de outro apartamento, andando horrores pra lá e pra cá... cansa. Ô se cansa! Passamos o dia andando, correndo... e no fim do dia estou morta!

Não vejo a hora de encontrar alguma coisa e poder começar a aproveitar mais a cidade! E começar a me sentir em casa... ainda não consigo acreditar que estou morando aqui! Ainda me sinto como uma turista maluca que fica correndo pra todo canto vendo apartamento - em vez de ver as coisas legais! Rs...

Que o perrengue acabe logo!

De qualquer modo, bem vindos a Londres, comigo! :)

Beijos,
Tila.